Terceiro encontro “Negócios da Construção” movimenta plataforma Club House
Na última quarta, 4 de agosto, novamente os líderes das principais entidades setoriais da construção estiveram reunidos para debater o segmento. Desta vez, o foco foi “A produtividade e inovação na Construção Civil”. Valter Frigieri Jr, diretor de mercado da ABCP comandou o bate-papo. Veja como foi e se prepare que semana que vem tem mais!
Valter Frigieri Jr, diretor de mercado da ABCP comandou o bate-papo e iniciou sua fala mencionando o Japão na década de 1980. “Tivemos preocupação com a qualidade aqui no Brasil, mas a produtividade nunca foi um termo mobilizador. Hoje, isso está nas mãos das empresas. E o que o mercado tem, já possibilita uma produtividade maior. Produtividade não pode estar desvinculada do negócio. E quem vai comprar não pode pensar só no preço, sem olhar para o potencial que a cadeia de fornecedores pode alavancar”. Ele citou didaticamente a questão da pilotagem. “Se te derem uma Ferrari, você precisa aprender a usar os sistemas, os materiais, isso é um gargalo”. Na sequência, citou a questão da mão de obra. “Nos EUA, temos a mesma coisa que no Brasil, mas lá, o trabalhador entra num trabalho planejado. Precisamos pensar e resolver com antecedência a engenharia de método. E para envolver todas essas questões, nós como entidade criamos o movimento Do Mesmo Lado, para buscar produtividade envolvendo tudo isso”.
Para Rodrigo Navarro, presidente da Abramat, produtividade não é só fazer mais com menos, mas tem muitas variáveis. “Tem também o aspecto da tecnologia. Muitos de nós foram catapultados para o mundo digital, um exemplo é aqui o Club House, poder usar essa ferramenta. A surpresa pra todos é que a produtividade está sendo muito alta, causando até esgotamento, estresse”. Para ele, a construção civil era vista como um setor pouco inovador, mas isso mudou. “Em 2018 já se falava muito em Indústria 4.0 para outros setores e falavam que não tinha a ver com a gente, hoje o que temos são muitas inovações. Cada vez mais temos materiais inteligentes, tinta, vidro, tudo isso contribui para a produtividade. E o Governo também tem que ser produtivo. Ao usar dashbord e mecanismos de controle no Ministério da Economia, vemos que ele está querendo se modernizar”.
Wagner Lopes, da ABESC, afirma que nem sempre se percebe valor no produto inovador do setor da construção. “Por exemplo, quando levamos um concreto de alto desempenho, quem compra diz que é muito caro. Se todo o setor fosse envolvido no momento do projeto, veriam que esse produto traz um ganho de área e uma série de benefícios. Toda a cadeia precisa estar envolvida não somente no momento da compra”, afirmou
Fernando Rosa, gerente geral da AFEAL falou sobra a importância de uma visão sistêmica da obra. “Isso ainda falta. As interfaces entre os sistemas é algo em que acreditamos muito, integração modular, entre a esquadria e a parede por exemplo. Isso é fundamental para que a produtividade ganhe escala”.
Luiz Antonio, da Drywall, explicou qual a visão que as construtoras têm de inovação. “Quando falamos desse tema, a construtora pensa apenas em materiais novos. Aí ele entra na fase da obra sendo apenas um produto mais caro. A ponte que caiu na Eusébio Matoso não pode utilizar concreto de alto desempenho pois não não havia este item na tabela de preços da prefeitura. Drywall usa menos canteiro, mas o construtor deixa lá o espaço, ele não pensa nisso. Quando a empresa que vai vender o produto tenta explicar, ele pensa que é a penas malho comercial. A entidade de classe ajuda nesse sentido. Precisa pensar diferente. No Brasil, há a necessidade de se construir tudo. Precisamos derrubar barreiras para aumentar a produtividade”.
João Batista, do IBTS, afirmou que material com valor agregado nem sempre tem isso percebido. “Nós trabalhamos com aço para estruturas de concreto. Há dez anos, o instituto decidiu fazer um levantamento sobre produtividade de telas soldadas no canteiro de obras em todo o Brasil, em cada região, para ver como isso afeta a produtividade, a relação homem/hora. Verificamos problemas culturais, conservacionismo. Tinha de convencer o tomador de decisão da construtora de que a solução seria mais vantajosa, o empreiteiro que não queria mudar a rotina, a estocagem e logística no canteiro”.
Para Alberto Cordeiro, presidente da AFEAL, é um esforço grande levar valor agregado para a construtora, que só vê o custo. “Temos que mostrar o benefício com o aumento de produtividade. Sempre teremos os ‘earlier adopters’ que saem na frente e outros que só aprendem na dor. O custo da mão de obra está aumentando. Também temos a questão de carga fiscal e tributária que precisam ser questionadas. Nós aqui todos juntos precisamos levantar uma bandeira e levar isso para as esferas governamentais. Isso impede o uso de maior valor agregado nosso quando comparamos com outros países, onde vemos prédios montados como uma montadora. Temos muita coisa boa na prateleira subutilizada”.
Maurício, da ABIVIDRO falou sobre a importância da conscientização do consumidor final. “Temos um problema de cultura. A gente que trabalha com o vidro sofre muito com isso, pois entramos no fim da obra e o consumidor quer gastar pouco. Precisamos educar a cadeia inteira e também o consumidor para valorizar o produto”.
Marcos Batista, consultor em inovação, também deu sua opinião sobre a questão da produtividade no setor. “Percebo com a maior parte dos fabricantes de insumos que não há uma comunicação correta dos valores que se entregam. As empresas mais bem sucedidas definiram seus negócios a partir de um propósito. As empresas precisam saber contar seus elementos de valor, em vez de focar apenas no substantivo”, finalizou.
Fique atento! O próximo episódio acontece dia 11, às 9h da manhã e terá como anfitrião Luiz França, presidente da ABRAINC.