Presidente da AFEAL participa de live do setor vidreiro e discute modelo de cobrança com executivos de entidades
Na última quinta-feira, 27 de agosto, o presidente da AFEAL Alberto Cordeiro marcou presença em um importante encontro do setor vidreiro, a live “Tentando entender o panorama atual do setor vidreiro”.
Realizado pela revista Tecnologia & Vidro, o debate teve como mediador Elmo Pires, editor da revista e jornalista especializado e contou com a presença de figuras importantes do segmento do vidro, como o presidente da ANAVIDRO (Associação Nacional de Vidraçarias) Cláudio Mansur, o superintendente da ABIVIDRO (Associação Brasileira da Indústria do Vidro) Lucien Belmonte e o diretor-presidente da Divinal Vidros José Passi.
O bate-papo começou com o questionamento de Elmo. “Quem diria que iria faltar vidro e alumínio e que os preços iriam subir? Será que é uma bolha, longo prazo? Qual a nova realidade do mercado?”
Em sua participação, o presidente da AFEAL focou nos novos comportamentos que a pandemia trouxe e como o setor da construção pode aproveitar as mudanças a seu favor. “A pandemia trouxe uma mudança de hábitos que tem transformado a construção civil, como a questão das próprias lives. É muito mais barato, muito mais fácil, isso não volta atrás. O trabalho remoto também é uma tendência irreversível e que aqueceu nosso mercado. Outra é a questão dos juros, o dinheiro de renda fixa tem juros negativo e esse dinheiro vem para construção civil”, explicou.
Cordeiro também explicou como o dólar reflete no alumínio, por ser um produto nacional, mas dolarizado. “O LME vem voltando a subir com a retomada, o que faz com que o preço dispare. Nesse cenário, temos que agregar valor. O cliente quer preço, qualidade, atendimento, estar amparado por uma boa empresa. Estabelecer boas parcerias com nossos fornecedores para garantir nosso abastecimento é fundamental”, acrescentou
Setor vidreiro e a pandemia
Passi, da Divinal, explicou sua visão sobre o que aconteceu com a pandemia e a falta de organização do mercado. Em 23 de março, ninguém sabia o que fazer e ficamos 20 dias sem vender e comprar. Retornamos em 13 de abril e ainda não fizemos compra. A fábrica também não sabia o que fazer. Em maio, com o aumento, tivemos uma surpresa, houve uma explosão de compra. As fábricas venderam tudo que tinham no estoque e o que estão fabricando está indo embora”, explicou.
Para Lucien, da ABIVIDRO, a questão da diminuição da oferta de produtos no mercado acompanhou uma tendência mundial. “O problema aconteceu no mundo inteiro, houve um desajuste com o que achávamos e o que realmente aconteceu”, explicou.
Cláudio Mansur, da ANAVIDRO, contou que o cenário foi melhor que o esperado. “Tivemos melhora partir de junho, junho e julho foram meses muito bons. Poderia ter sido muito pior, tivemos um fôlego talvez por conta do trabalho das construtoras no ano passado”.
Modelo de cobrança do vidro
A recente proposta de alteração no modelo de cobrança do vidro, tema inclusive de uma carta ao mercado elaborada pela AFEAL, teve grande destaque durante o encontro.
Alberto Cordeiro reforçou o posicionamento da AFEAL. “Fomos contra esse aumento disfarçado e achamos que isso confunde o mercado. Se a demanda é maior que a oferta, é natural que o preço suba e a gente precisa lidar com isso, agregar valor no nosso produto repassar o aumento no produto. Precisamos ter um parceiro que nos atenda e alinhar isso de forma transparente. Quando se mexe na quantidade, falta clareza na mudança. Por que mexer na quantidade se você pode mexer no preço? Por que mexer em duas variáveis? Você não pode perder a referência do que está comprando. Estamos num livre mercado. Negocie com o fornecedor que lhe entende”.
“O arredondamento para o fabricante de vidro é excelente, mas para você passar isso para o mercado, para o seu cliente, muitos não vão aceitar. Nós só vamos aderir se nosso cliente estiver de acordo. O correto é aumentar o seu preço de venda. As medidas pequenas serão as pagadoras do prejuízo”, explicou Passi. “Vai virar uma bagunça danada. Quem sai prejudicado é aquele vidraceiro que não sabe dos detalhes. Mexer em regras de mercado não é fácil assim. É muito melhor aumentar o preço e não mexer na regra do mercado”, acrescentou.
Mansur também se posicionou em relação à mudança na cobrança. “Os vidraceiros estão recebendo isso como um aumento mascarado. Hoje já é difícil justificar o preço ao cliente em múltiplos de 50, justificar em múltiplos de 100. Há ainda risco de prejuízo, caso o vidraceiro tenha que assumir uma metragem e depois acabar comprando uma maior e não conseguir repassar. Para quem vende para construtora é ainda mais difícil, é preciso passar a medida real. Lidar com o aumento de preço é uma das orientações que passamos pela associação, pois preferimos que venha como um aumento do que desta maneira”, esclareceu.
O debate completo está no ar no Youtube da Vidro TV: https://www.youtube.com/watch?v=wUut6Nu6bSA.