Encontro “Negócios da Construção”no Club House mostrou perspectivas do mercado imobiliário
Na manhã desta quarta, 11 de agosto, mais uma vez os presidentes das principais entidades setoriais do segmento da construção estiveram reunidos na plataforma Club House, para debater os temas do setor no canal “Negócios da Construção”. Desta vez, quem conduziu a conversa foi Luiz França, presidente da ABRAINC, que trouxe o tema “Perspectivas do Mercado Imobiliário para o 2º semestre de 2021”.
França iniciou sua explanação se apresentando e contando um pouco de sua trajetória no mercado. Formado em engenharia civil, o executivo trabalhou em bancos de investimentos, remontou toda a área de crédito imobiliário do Itaú e hoje, além de presidente da ABRAINC, também atua como conselheiro de vários conselhos administração de entidades importantes. “Iniciei minha carreira no setor da construção e agora estou novamente focado nele”, contou.
O executivo, com um discurso repleto de números e dados formais, deu aos participantes e expectadores uma dimensão da importância do mercado imobiliário. “Este setor é muito forte em qualquer lugar do mundo. E a importância para a economia brasileira? A massa de trabalhadores é de 10% do total de trabalhadores brasileiros, 5,9 milhões de pessoas. A arrecadação de tributos é 9% do total. Movimenta 7% do PIB. E ainda mexe com várias outras indústrias – equipamentos, insumos… as pessoas vão se mudar então investem em móveis, eletrodomésticos. É um movimento muito grande, estamos envolvidos com outros 97 setores”, explicou.
O momento atual ainda está bastante afetado pela questão da pandemia. “2020 foi muito sofrido, mas tivemos a felicidade de poder continuar trabalhando. Vi presidentes das incorporadoras muito preocupados com a saúde dos trabalhadores, em diversas reuniões para estabelecer protocolos de segurança. Este tema nunca foi terceirizado por eles. Os trabalhadores e suas famílias ficaram protegidos”. Ele contou que o índice de mortalidade no segmento ficou em 0.03%, bem inferior ao número nacional, que é de 0,26%.
No contexto da pandemia, a construção foi um dos poucos setores capazes de gerar empregos formais. Em 2020, foram criados no Brasil 143 mil empregos, 112 mil deles na construção. “E vamos puxar o PIB ainda mais com a economia crescendo. Em 2021, até agora, já geramos 180 mil vagas, segundo dados do CAGED”, afirmou o executivo.
França focou ainda sua explicação nos temas crédito imobiliário e taxa de juros. “Aqui e em outros países, o imóvel é o bem mais caro da família geralmente e as pessoas compram utilizando financiamentos, pois não tem a totalidade dos recursos. A prestação mensal precisa estar adequada à renda. E, para isso, uma taxa de juros atrativa deve ficar abaixo de dois dígitos. Temos hoje essas condições. Veremos um ciclo de grande volume de aquisições de imóveis num médio/longo prazo”.
Isso também se deve ao déficit habitacional de 7,8 milhões de moradias. O executivo citou ainda dados de uma pesquisa da FGV que aponta que, além deste déficit, nos próximos dez anos, o Brasil vai necessitar de mais 11,5 milhões de novas residências. “Isso faz com que um grande número das incorporadoras no Brasil estejam listadas na Bolsa de Valores, nosso mercado tem uma grande perspectiva”.
França citou pesquisas sobre número de vendas e lançamentos. Nos meses de março, abril e maio de 2021 em relação ao mesmo período de 2020, o setor apresentou um crescimento de 32%, de acordo com dados da ABRAINC. Ele também explicou os dois principais mercados – baixa renda e médio e alto padrão, suas diferenças e o impacto na vida das pessoas. “Moradia melhor para a baixa renda impacta diretamente as condições de saúde, segurança e educação, o que faz com que nosso trabalho seja fundamental para o País. Vivemos um mercado extremamente pulverizado, com competição e quem ganha nisso em todos os setores é o consumidor”. Segundo ele, outra condição positiva é o baixo índice de inadimplência do setor imobiliário – de 0,92% (abril/21), o que colabora ainda mais para crédito disponível. “Todas as condições para os compradores estão aí”.
Um dos pontos mais interessantes foi quando França mencionou um estudo sobre a variação de preços de imóveis, apurada pela ABRAINC entre 2009 e 2019. “Na cidade de São Paulo, a valorização ficou um pouco acima da SELIC. Num investimento conservador, não se consegue 100% desta taxa. Imóvel ainda é o melhor investimento de baixo risco”.
E ele finalizou sua explanação comentando sobre a pesquisa Deloitte/ABRAINC, segundo a qual 86% dos empresários entrevistados pretendem comprar terreno nos próximos 12 meses e 94% terão lançamentos no mesmo período, dados otimistas.
Rodrigo Navarro, da ABRAMAT, citou o desafio do aumento de preços dos materiais, fenômeno que acompanhou a reduperação do setor. “Frete, falta de produtos, alta nas commodities, variação cambial. Isso preocupa. Estamos juntos buscando soluções para isso. O otimismo deve ser moderado e cauteloso. Também gostaria de levantar a questão da inovação dentro das construtoras.
Lucien Belmont, da ABIVIDRO focou sua fala na mudança de comportamento do consumidor. “Essa mudança de foco foi uma das coisas mais importantes da pandemia. A casa virou um templo e as pessoas decidiram investir. Valter Frigieri Jr, diretor de mercado da ABCP, completou a citação do colega. “O bolso das famílias é cada vez mais disputado. Essa percepção do valor do bem imóvel é importante. Precisamos criar uma comunicação setorial para a valorização deste bem”.
Fernando Rosa da AFEAL e Luiz França terminaram o encontro convidando a todos que participem do Prêmio Produtividade do Mesmo Lado. Importante iniciativa para promover a inovação do setor.