Biometano é alternativa sustentável para a indústria da construção
Na última sexta, 3 de março foi assinado em Santa Gertrudes, no interior de São Paulo, um acordo de cooperação inédito entre os setores cerâmico e sucroenergético para colocar em prática um plano estratégico de transição, com uso do biometano, na indústria de cerâmica para revestimentos. A ideia é garantir energia de forma sustentável, a partir do uso de combustíveis de baixo carbono. A AFEAL esteve presente ao evento para assinatura do acordo, com a participação do vice-presidente de comunicação da entidade Alberto Cordeiro como convidado.
O objetivo é fazer com que dez fábricas do polo produtor de Santa Gertrudes, a 180 km de São Paulo, comecem a receber o gás entre o final de 2024 e o início de 2025, inicialmente produzidos por uma única usina. Serão construídas plantas de biometano a partir da vinhaça, resíduo do setor sucroalcooleiro, em Santa Catarina e em São Paulo como pilotos, com a participação de dez empresas de cada estado. O piloto será a base da tomada de decisão para a transição energética do setor cerâmico em âmbito nacional. A meta é suprir 50% da demanda energética das empresas do setor até 2030. O abastecimento de biometano para as fábricas de cerâmica deverá ocorrer pelos gasodutos já existentes. A compressão do biogás e seu transporte em caminhões também será avaliada em casos pontuais, como fábricas com produção intermitente ou que não sejam ligadas à rede de dutos.
Para Benjamin Ferreira Neto, presidente do conselho de administração da Anfacer, o uso do biogás pode ajudar na recepção do produto cerâmico nacional no exterior, impulsionado pelo movimento ESG. “Com as mudanças do mundo, podemos ampliar [o convênio] e fazer disso uma vantagem competitiva”, afirma. A entidade tem o objetivo de que o setor passe dos atuais 13,3% de exportações, registrados em 2022, para 30% também até 2030.
O setor conseguirá produzir biogás mesmo fora da safra da cana, porque são resíduos armazenáveis, e produzidos em grande quantidade — para cada litro de etanol fabricado, resultam de 11 a 12 litros de vinhaça.
O plano estratégico foi elaborado a partir de convênio firmado entre o SENAI, a Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmica para Revestimentos, Louças Sanitárias e Congêneres (Anfacer), Associação Paulista das Cerâmicas de Revestimento (Aspacer), Sindicato das Indústrias de Cerâmica – Criciúma (Sindiceram) e o Arranjo Produtivo Local do Álcool (APLA).
“A transição energética do setor cerâmico para o biogás, viabiliza uma transição energética sustentável e a redução da dependência do gás natural para a indústria. A ideia é trazer isso para nosso setor de esquadrias de alumínio e ampliar para a construção em geral para podermos entregar o apartamento verde, com materiais produzidos com fonte de energia sustentável. Esse é o futuro e nossa indústria precisa estar inserida nele, por isso vamos estudar as etapas para que nosso segmento de esquadrias também faça parte deste movimento”, finalizou Alberto Cordeiro.
Com informações do Valor Econômico e Agência de Notícias da Indústria