Segundo episódio de “Negócios da Construção” focou na qualidade como vetor da competitividade
Líderes de diversas entidades setoriais estiveram reunidos na manhã desta quarta, 21 de julho, na plataforma Clubhouse para o evento “Negócios da Construção”. Desta vez, Lucien Belmonte, superintendente da ABIVIDRO conduziu o bate-papo que versou sobre “Competitividade e realidade para o futuro das construções”.
Lucien começou o encontro provocando os participantes em 4 aspectos: inovação, tecnologia, capital humano e gestão. “E não podemos não falar de qualidade. A competitividade entre produtos desiguais tecnicamente implica diferença de preço. Fernando e Alberto da AFEAL estão aqui, sempre conversamos sobre a importância das especificações corretas dentro de uma obra. Isso é sacrificado por competidor que oferece produto de menor performance”, disse.
Alberto Cordeiro, presidente da AFEAL completou o raciocínio. “A isonomia competitiva fica comprometida quando o mercado não cumpre as normas. A indústria deveria trabalhar acima das normas. Isso compromete também o consumidor, além da competitividade. Lembremos do exemplo das cadeiras de plástico. Quem nunca caiu de uma? Esse setor foi substituído”, explicou.
Rodrigo Navarro, presidente da ABRAMAT e também conselheiro da ABNT complementou. “A questão da conformidade técnica é o maior problema da indústria da construção há muito tempo. Nenhum fabricante, importador ou varejista, nem nenhum consumidor deveria aceitar produtos fora de norma. Mas infelizmente é o que a gente vê”. Ele citou o novo modelo regulatório do Inmetro, baseado na autodeclaração da conformidade. “Fora do Brasil, quando conversamos com a indústria, os executivos não entendem o que a gente faz aqui e dizem ‘mas como é possível algum maluco colocar no mercado produto fora de norma?’ Pois é, é isso que acontece aqui. Hoje, 70% dos fios e cabos no mercado são não conforme. Então estou colocando minha casa em risco? Sim! Esse problema é seríssimo e afeta não somente a competitividade, mas também a segurança. A falta de conformidade fiscal caminha junto da não conformidade técnica, isso também é um grande problema”.
Valter Frigieri, diretor de mercado da ABCP, questionou sobre a opinião dos colegas sobre o liberalismo do Governo e a intenção liberal de deixar o mercado se organizar. Lucien afirmou que o liberalismo pressupõe a honestidade. Já Rodrigo Navarro reafirmou a necessidade de denúncia e punição exemplar para quem não cumpre norma e destacou o papel das entidades nesse cenário.
Luiz Filho, da Associação Brasileira de Drywall sinalizou que no setor da construção é complicado deixar o setor se autorregular. “Algum de vocês aqui quando vai à loja de material de construção consegue pegar um produto aleatório e verificar se está dentro de norma? Acredito que não. Estamos aqui falando de bens duráveis. É necessário que os construtores e financiadores testem a qualidade dos produtos, eles precisam cobrar isso do fabricante”, acrescentou.
Lucien novamente tomou a palavra e direcionou o debate para o tema inovação. Segundo ele, o novo consumidor passou a valorizar novas coisas, por exemplo, qual valor ele dá para as normas ambientais? Nesse novo contexto, a inovação é a forma que as empresas sérias encontraram para gerar valor.
Fernando Rosa, gerente geral da AFEAL deu sua contribuição sobre o tema. “Quando falamos dos sistemas construtivos atuais, ainda estamos discutindo construção modular. Isso dificulta a competitividade quando ocorre a incompatibilidade entre os sistemas. Vemos em grande parte a falta de uma visão sistêmica. Isso compromete a produtividade, isso sem mencionar a questão da qualificação da mão de obra”.
Luiz Filho apontou a falta de uma política pública para que o capital humano possa ser empregado para aumentar a competitividade. “No nosso setor, a mão de obra é muito cíclica. Você treina 10 para reter 2. Como nosso mercado não é constante, quando há qualquer mudança, a mão de obra qualificada migra para outros setores, deixa de ser um bom instalador para trabalhar como segurança no shopping, por exemplo. Precisamos de uma política que mantenha nosso setor aquecido”, afirmou.
Para finalizar, os debatedores discutiram a educação do consumidor e até que ponto a relevância dessa educação pode trazer um futuro harmônico. “Nossos setores têm de juntar forças para justamente falar com esse consumidor. E acredito que o caminho, como estamos fazendo aqui hoje, é digital”, finalizou Alberto Cordeiro.
O próximo encontro acontece no dia 4 de agosto. Programa-se para participar! O tema será capitaneado por Valter Frigieri Jr, diretor de mercado da ABCP e o tema será “Produtividade e Inovação na Construção Civil”. É importante lembrar que os conteúdos não ficam gravados, então quem perder não tem como ouvir em outro momento.