Saiba o que os arquitetos esperam dos fabricantes de esquadrias.
Miriam Addor, presidente da AsBEA, fala em possíveis parcerias com a AFEAL em entrevista exclusiva
Os diferentes aspectos que envolvem as etapas do projeto executivo completo de esquadrias; de que forma os fabricantes devem se preparar para atender às necessidades dos arquitetos; como a AFEAL e AsBEA podem estabelecer parcerias para encontrarem juntas respostas para as necessidades de arquitetos e da cadeia produtiva, em relação às especificações técnicas, normas de desempenho NBR 15575 e 10821, entre outros aspectos. Estes foram alguns dos temas abordados em entrevista exclusiva com Miriam Addor, presidente da AsBEA (Associação Brasiliera dos Escritórios de Arquitetura).
Como os fabricantes de esquadrias e arquitetos podem atuar de forma mais próxima no mercado?
Considerando o mercado na área de projetos de arquitetura, que é o que a AsBEA representa, entendemos que os fabricantes devem estar preparados para o atendimento das necessidades dos arquitetos, consultores de esquadrias e demais projetistas em todos os âmbitos, para que um projeto executivo completo de esquadrias possa ser detalhado e apresentado ao cliente.Além da garantia de desempenho em relação aos sistemas apresentados, os fabricantes precisam mostrar dados aos arquitetos que deverão constar na especificação da vida útil de projeto, de acordo com a NBR 15575.
Como a Afeal pode melhorar e aprofundar o papel de agente facilitador na relação entre os atores (sistemistas, fabricantes de esquadrias e arquitetos)?
A AFEAL, enquanto entidade que representa os fabricantes e produtores de esquadrias de alumínio, e que tem interface com muitas áreas da cadeia da construção civil, pode por meio de seus representantes estabelecer parcerias com entidades de projeto como a AsBEA, por exemplo, buscar encontrar respostas às necessidades de projetistas em relação às especificações, normas, desempenho e outras.
O que os profissionais da arquitetura esperam dos fabricantes de esquadrias?
Na verdade, cada projeto é único. O fabricante deve se dispor a discutir com os arquitetos de forma a entender as necessidades e procurar soluções conjuntas para os projetos. Também deve disponibilizar todo tipo de material técnico que colabore com a especificação completa da esquadria e fornecer os dados de sistemas testados e que atendam a NBR 15575, bem como os custos esperados para aquele projeto.
Para os arquitetos, quais os critérios mais relevantes na escolha de um fabricante de esquadrias de alumínio (fachadas, portas e janelas)?
Os critérios dizem respeito ao atendimento técnico do fabricante, ao posicionamento em resolver e encontrar soluções para os mais diversos projetos. A relação custo-benefício discutida e encontrada nas soluções apresentadas aos arquitetos e contratantes também tem que ser levada em consideração. Para que esse quesito seja atendido precisa-se ter um bom entendimento entre projetista, fabricante e construtora. É imprescindível que todos participem do processo de especificação durante a fase de projeto. Os fabricantes que mais se enquadrarem neste perfil, por consequência serão os mais procurados.
O que define um projeto de esquadrias?
Geralmente o projeto de esquadrias é esquematizado e detalhado no projeto de arquitetura em escala 1:20. Durante a fase de projeto pode haver interação entre o arquiteto, construtor e fornecedor de esquadrias. Na a fase de obra contrata-se o fabricante e detalha-se o projeto em escala 1:2. O passo seguinte é pedir a aprovação do arquiteto para o detalhamento e depois se faz um modelo em obra. Após essa etapa, chama-se o arquiteto e o modelo é ou não aprovado e liberado para fabricação.
Há também projetos mais complexos que demandam a contratação de um consultor de esquadrias. Neste caso, o consultor detalha, geralmente em escala 1:2, o projeto completo das esquadrias, durante a fase de projeto, e em conjunto com o arquiteto autor do projeto.
Na fase de execução, o consultor acompanha a fabricação e montagem na obra, garantido que todos os detalhes definidos em projeto sejam atendidos. Caso haja necessidade de alteração, o arquiteto deverá ser sempre acionado para aprovação final.
Quais os ganhos dessa boa relação para a sustentabilidade na construção civil?
A sustentabilidade deve estar presente em qualquer ação de projeto. Acreditamos que projetos bem especificados, dentro das normas e racionalizados com a execução, representarão ganhos na obra. Estes ganhos estão relacionados com soluções abrangentes a todos os subsistemas da obra que visem à adequação de um sistema pré-fabricado (esquadria pré-cortada e PR- montada em fábrica), a um sistema moldado ainda “in loco” como é o caso de nossos canteiros no Brasil.
Como resultante desta compatibilização entre sistemas, teremos que galgar degraus em relação à uma especificação sustentável, minimizando desperdícios em obra, preocupando-se com a montagem do sistema de esquadria e seu montador e obtendo ganhos na relação custo-benefício.
Quais os planos da AsBEA para 2016? Pensa em desenvolver algo específico no setor de esquadrias de alumínio?
A AsBEA produz grande conteúdo técnico através de seus grupos de trabalho. O Grupo de sustentabilidade, por exemplo, trabalha em direção à especificação correta de materiais procurando os parâmetros da sustentabilidade.
O grupo de BIM ( Building Information Modeling) trabalha as questões de interfaces entre o projeto arquitetônico e os modelos tridimensionais paramétricos.
O grupo de Normas técnicas estuda a interrelação entre as normas e o projeto de arquitetura e, nos dois últimos anos, focou na Norma de desempenho. Desta forma, creio que há muitas interfaces entre as duas entidades que podem ser trabalhadas na busca de um projeto completo, bem detalhado, para que se possa alcançar uma obra dentro do custo esperado, com qualidade e prazos determinados.